O Partido Renovador Democrático (PRD) foi um movimento político português criado em 1985 que contou com o apoio do General Ramalho Eanes, então Presidente da República de Portugal (Autor: Imagem em domínio público)
O Partido Renovador Democrático (PRD) foi um movimento político português criado em 1985 que contou com o apoio do General Ramalho Eanes, então Presidente da República de Portugal.
Surgiu como resposta ás políticas de austeridade impostas pelos dois partidos imperantes, o Partido Socialista e o Partido Social Democrata na coligação governamental do país dentre os anos 1983 até 1985, devindo assim numa terceira alternativa política.
Em 1985, logo de Portugal ter assinado o Tratado de Adesão à Comunidade Europeia, o Partido Social Democrata (PSD) pediu sua demissão do denominado Bloco Central, governo conjunto com o Partido Socialista (PS).
Depois disto o então Primeiro-Ministro formalizou sua demissão, para logo em sequencia ser dissolvida a Assembleia da República no mesmo ano, por decisão do Presidente da República.
Panorama Político da Época
Como solução democrática imediata para a crise o Partido Social Democrata exigiu ao Presidente Ramalho Eanes a convocatória de eleições antecipadas, prevista regularmente para 1986.
Neste tenso clima político Eanes viu a oportunidade perfeita para aproveitar a crise ao seu favor e criar um novo partido que se beneficiasse da ruptura do Bloco Central.
Portanto patrocinou a fundação de um novo partido, sob a liderança de Hermínio Martinho, que basearia sua proposta ideológica no postulado de moralização da vida política nacional, mas sem um projeto político claramente definido, constituindo-se como um movimento contra os partidos políticos estabelecidos, de evidente pensamento socialista e, sobretudo, criado para derrotar um inimigo comum, Mário Soares.
As condições políticas no momento permitiram que o Partido Renovador Democrático atingisse bons resultados eleitorais. Assim, os seus resultados nas eleições legislativas convocadas em 1985 foram do cerca do 18% da votação total, com quarenta e cinco lugares no parlamento, muito perto dos votos obtidos pelos partidos socialistas.
Este resultado revelou a mudança das preferências em Portugal e a importância do novo partido nas decisões futuras enquanto a estabilidade de um governo minoritário (visualizado na candidatura de Aníbal Cavaco Silva, como futuro Primeiro Ministro do Partido Social Democrata) ou bem para a formação de um governo consensual, na figura de Mário Soares, candidato do Partido Socialista e inimigo comum para derrotar dos dois partidos.
Desta maneira, Eanes nomeou formalmente Cavaco Silva como Primeiro Ministro, apoiando tacitamente o governo minoritário através da adesão do Partido Renovador Democrático ao novo Primeiro Ministro.
Partido Renovador Democrático e a Queda nas Preferências
Contudo, as debilidades e fraquezas e o ambíguo significado político do novo partido se observariam nas eleições locais de dezembro de 1985 ao conseguir só três lugares nas presidências municipais.
Posteriormente, ao garantir o apoio em conjunto com o Partido Comunista Português da candidatura de Francisco Salgado Zenha, o PRD é afastado da segunda volta ao obter um pobre resultado do 7,3% da votação total em contraste com o 25% de Soares, representando o Partido Socialista e o 45,8% de Freitas, candidato do Partido Social Democrata e do Partido do Centro Democrático Social (CDS).
A diferença dos planos do PRD de dividir a opinião da esquerda, Soares aproveitou então o voto deste setor e tirou disso para sua estratégia política da segunda volta, ganhando as eleições de forma apertada com um 50,8% dos votos e assestando um grande e quase definitivo golpe no Partido Renovador Democrático.
Dissolução do Partido Renovador Democrático
De novo, em 1987 o PRD assumiu um papel protagónico no panorama político ao aprovar uma moção de censura no Parlamento com o fim último de desestabilizar o governo minoritário do Partido Social Democrático.
Porém, com a dissolução parlamentar e as novas eleições legislativas se reduziria de forma dramática o número de deputados do Partido na Assembleia que passaria a ter só sete lugares no Parlamento.
É assim que Ramalho Eanes assumiu a direção do Partido, mas com o desastre eleitoral cede o lugar para Martinho.
Em 1989 o PRD obteve só um lugar para as eleições do Parlamento Europeu, num acordo com o Partido Socialista, resultado que evidenciou ainda mais a fragmentação do movimento.
Para o ano de 1991 o partido perdeu a representação parlamentar, sendo finalmente dissolvido em 2000.